quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Perguntas referentes a entrevista de José Borges Neto

Como se delimita a epistemologia da linguística a partir de seus 3 grandes eixos/programa de pesquisa? 


A Epistemologia da linguistica se concebe a partir de três programas de pesquisa: ontológico, fundamental e metodológico. 
O programa de cunho ontológico, basicamente discute a natureza do objeto da linguistica, ou seja, de que se constitui esse objeto, que é a linguagem ( por meio social, genético, interação socio-histórica, etc ). O problema de pesquisa ontológica transita por essas interações, e surge o questão da linguagem ser uma capacidade inata do ser humano ou não.
Outro tipo de programa de pesquisa é o fundamental, onde pesquisa em diferentes contextos, as explicações de diversos domínios e escolas da linguagem basicamente.
E por último, o programa metodológico, que estuda até onde os métodos para a coletas dos dados nos domínios das escolas da linguagem são eficientes, é uma teoria que trabalha com dados escritos e dados orais.


O que é realismo semântico?


Para alguns pesquisadores a linguagem serve apenas como etiquetação do mundo.
Já para outros estudiosos, a linguagem discursiva o mundo. Só temos o vegetal como vegetal, a partir do momento que o enxergamos como vegetal.
Porém, outros acredita
m que cada sujeito constrói o mundo de acordo com sua linguagem, ou seja, de acordo com seu aspecto cognitivo.



1. linguagem colocada ao mundo (filósofos)
2. linguagem cria o mundo ( linguistas )
3. sujeito a partir da linguagem, cria o mundo ( outros )


Qual seria uma possível solução para o uso acrítico das teorias linguísticas?


A possibilidade de um pesquisador poder transitar pela epistemologia, evitando este uso acrítico de teorias linguísticas contraditórias.
Ou seja, conhecer os fundamentos da epistemologia da linguistica, saber distinguir por exemplo, o que defende Banveniste e Foucault, eles não se misturam. 


O que foi a teoria laboviana (sociolinguística laboviana)?


Labov diz que para explicar a fala, devemos levar em conta aspectos externos a fala. Uma vez que as linguagens formam a sociedade, a linguagem também refletiria as diferentes classes sociais, por exemplo, por serem influênciadas por estes grupos sociais. A linguagem reflete os modos dos grupos sociais, das mulheres, dos homens, por escolaridade, que são componentes externos. 
Labov se preocupa com o que está no meio social em contato com a linguagem.
Já a gramática gerativa ( linguistica paramétrica) não comporta a ideia de que a linguagem se modifica socialmente.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Alguns componentes da descrição linguistica

A fonologia, estabelece a lista de fonemas,  determina seus traços e os classificam, indicando as regras que governam sua combinação.


A sintaxe estabelece o rol do monemas, indica para cada um deles a função que pode desempenhar no enunciado e os classifica; estuda também a primeira articulação.


-> um estudo fonético determina os traços não pertinentes de que se acompanham os traços pertinentes dos fonemas.
-> um estudo morfológico, indica como os morfemas se realizam fonologicamente conforme cada contexto.


A gramática para Chomsky, é a totalidade de sua descrição e comporta três componetes principais:
- sintaxe: que é a "pragmática gerativa" e contém dois elementos próprios, que são a base e as transformações. A base é que fornece a estrutura profunda da frase e as transformações é que fornece as estruturas superficiais da frase.


- componente semântico : traduz as sequências para uma metalinguagem semântica, para dar sentido nas frases.


- componente fonológico: pode ser chamado também de morfofonologico ou morfonologia, estuda como os sons são utilizados para a expressão das noções ou categorias gramaticais.


Juntura:
- são modificações fônicas que se produzem no interior de uma palavra quando ocorre a junção de dois morfemas. Devido a esse fenômeno seria possível formular leis mais simples e gerais às sequências de sons que formam as palavras.


-> os gerativistas trabalham com a hipótese de que a parte transformacional da sintaxe não exerce efeito sobre a interpretação semânticas das frases.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

As escolas - Gramática Geral e Linguística Histórica

Antes de Saussure estabelecer suas teorias sobre a linguística, duas grandes escolas vigoraram no meio linguístico, a Gramática geral e a Linguística Histórica. Nesse post vou falar um pouco sobre a Gramática Geral e no próximo, sobre a Linguística Histórica.
Antes da Gramática Geral os únicos estudos sobre a linguagem se davam por meio de especulações filosóficas e literárias. Não havia um estudo sistematizado sobre a linguagem, pois ela era vista como simples ferramenta usada para compreender a literatura e a filosofia.
Com o advento da Gramática Geral de Port Royal se inicia uma certa sistematização da linguagem. Ela passa a ser vista como espelho do pensamento, ou seja, o lugar em que há uma organização mais clara e objetiva do pensamento, sendo que o mesmo, expressa-se por meio dela. Devido à isso, começa-se a pensar em categorias da linguagem, como por exemplo, as noções de sujeito e predicado, pois o pensamento, seria expresso por meio das frases, divididas em sujeito e predicado.
Vê-se portanto, que passa a haver uma adequação da linguagem à uma certa lógica matemática: esse era o modelo de cientificidade da Gramática Geral, e tudo que fugisse dessa lógica passava a não ser considerado linguagem.
Esse estudo passa a ser questionado pela Linguística Histórica, no século XIX.


Linguística Histórica
O modelo de cientificidade dessa escola, como o próprio nome diz, é a história, ou seja, suas abordagens são diacrônicas, e ela defende o caráter transformacional das línguas, e não o seu caráter lógico-estático. Essa escola procurava responder questões como, o porque das línguas se transformarem e como elas se transformam.
No interior dessa escola surge o comparatismo, onde se buscava a língua-mãe que pudesse ter dado origem à todas as outras línguas européias. Essa busca se dava por meio de comparações entre línguas, estabelecendo seus laços de parentesco, ou seja, elas deviam ter um tronco comum.
Na gramática comparada estabelecia-se uma relação entre o sânscrito e a maioria das línguas européias, fossem elas antigas ou modernas. Essa relação se dava por correspondências entre as línguas, qualquer que fosse sua distância no tempo, procurando que elemento X de uma época ocupa o lugar do elemento Y da outra, ou seja, em momentos distintos, tal elemento ocupa a mesma posição que outro elemento, de outra língua.

Surge a tese do declínio das línguas, que tentava explicar as transformações das línguas. Segundo essa tese, a língua não era um meio, mas um fim: o espírito humano moldava-se como uma obra de arte, em que procurava representar-se a si mesmo.
As línguas tiveram de assumir 3 formas principais: isolantes, aglutinantes, e flexionais.
As isolantes eram inalisáveis, não se podia distinguir sequer elementos gramaticais dos lexicais;
As aglutinantes comportam palavras lexicais e gramaticais, mas não há regras para a formação de palavras;
Nas línguas flexionais, existem regras precisas que comandam a organização interna das palavras.

Segundo essa tese portanto, todas as línguas passaram de isolantes à flexionais, ou seja, passaram por estágios diferentes. Assim explicava-se as mudanças das línguas.

Já os neogramáticos diziam que as línguas se modificam por conta de sua organização interna. Para eles não há outra explicação para as mudanças da língua, senão a história.