quinta-feira, 9 de setembro de 2010

As escolas - Gramática Geral e Linguística Histórica

Antes de Saussure estabelecer suas teorias sobre a linguística, duas grandes escolas vigoraram no meio linguístico, a Gramática geral e a Linguística Histórica. Nesse post vou falar um pouco sobre a Gramática Geral e no próximo, sobre a Linguística Histórica.
Antes da Gramática Geral os únicos estudos sobre a linguagem se davam por meio de especulações filosóficas e literárias. Não havia um estudo sistematizado sobre a linguagem, pois ela era vista como simples ferramenta usada para compreender a literatura e a filosofia.
Com o advento da Gramática Geral de Port Royal se inicia uma certa sistematização da linguagem. Ela passa a ser vista como espelho do pensamento, ou seja, o lugar em que há uma organização mais clara e objetiva do pensamento, sendo que o mesmo, expressa-se por meio dela. Devido à isso, começa-se a pensar em categorias da linguagem, como por exemplo, as noções de sujeito e predicado, pois o pensamento, seria expresso por meio das frases, divididas em sujeito e predicado.
Vê-se portanto, que passa a haver uma adequação da linguagem à uma certa lógica matemática: esse era o modelo de cientificidade da Gramática Geral, e tudo que fugisse dessa lógica passava a não ser considerado linguagem.
Esse estudo passa a ser questionado pela Linguística Histórica, no século XIX.


Linguística Histórica
O modelo de cientificidade dessa escola, como o próprio nome diz, é a história, ou seja, suas abordagens são diacrônicas, e ela defende o caráter transformacional das línguas, e não o seu caráter lógico-estático. Essa escola procurava responder questões como, o porque das línguas se transformarem e como elas se transformam.
No interior dessa escola surge o comparatismo, onde se buscava a língua-mãe que pudesse ter dado origem à todas as outras línguas européias. Essa busca se dava por meio de comparações entre línguas, estabelecendo seus laços de parentesco, ou seja, elas deviam ter um tronco comum.
Na gramática comparada estabelecia-se uma relação entre o sânscrito e a maioria das línguas européias, fossem elas antigas ou modernas. Essa relação se dava por correspondências entre as línguas, qualquer que fosse sua distância no tempo, procurando que elemento X de uma época ocupa o lugar do elemento Y da outra, ou seja, em momentos distintos, tal elemento ocupa a mesma posição que outro elemento, de outra língua.

Surge a tese do declínio das línguas, que tentava explicar as transformações das línguas. Segundo essa tese, a língua não era um meio, mas um fim: o espírito humano moldava-se como uma obra de arte, em que procurava representar-se a si mesmo.
As línguas tiveram de assumir 3 formas principais: isolantes, aglutinantes, e flexionais.
As isolantes eram inalisáveis, não se podia distinguir sequer elementos gramaticais dos lexicais;
As aglutinantes comportam palavras lexicais e gramaticais, mas não há regras para a formação de palavras;
Nas línguas flexionais, existem regras precisas que comandam a organização interna das palavras.

Segundo essa tese portanto, todas as línguas passaram de isolantes à flexionais, ou seja, passaram por estágios diferentes. Assim explicava-se as mudanças das línguas.

Já os neogramáticos diziam que as línguas se modificam por conta de sua organização interna. Para eles não há outra explicação para as mudanças da língua, senão a história.

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